Estas palavras surgiram por mim durante a participação num encontro de partilha e exploração dos mistérios da morte e da vida. Gratidão às facilitadoras Ana Infante e Ana David e às mulheres que comigo se colocaram ao serviço.
Sirvo a teia da vida quando...
Respiro. Sou. Sinto.
Danço. Toco. Sou tocada.
Sofro.
Quando dói. Quando sorrio. Quando me alimento.
Quando defeco. Quando me movo. Quando sou o movimento dentro e fora de mim.
Acolho. Abraço. Quando já não respiro.
Sirvo a teia quando quero e quando já não quero mais nada. Quando perco e quando controlo.
Quando expando no espaço e quando sou sugada pela Terra. Quando o coração bate com força e também quando serena.
Sirvo a teia a todo o momento, neste corpo que a incorpora, sem me pertencer, abrigo a um amor maior do que a compreensão.
Sirvo a teia no mistério que me habita as vísceras e que me leva para lá do peso desta forma, lá onde o “eu” já não existe.
Sirvo a teia da vida quando me dissolvo na beleza do abraço universal.
E também quando me encolho neste ninho amarrotado de cores e sabores impermanentes.